“A greve é legal, é um direito dos servidores”

Em entrevista realizada na quarta-feira, dia 22 de junho, o técnico-administrativo Alexandre Pereira da Silva, servidor público da instituição CEFET-MG campus Timóteo fala sobre a greve dos servidores públicos.

 

“O técnico-administrativo na instituição é tão importante quanto o docente ou o discente. Somos suporte da atividade de ensino...”

1-      Quais são os motivos da greve que está ocorrendo na instituição?

Os servidores técnico-administrativos em educação, no país em geral, não só no CEFET-MG, UFMG e UFVJM, reivindicam os eixos da campanha salarial emergencial que pode ser consultado no site http://www.sindifes.org.br/sindifes/noticia.php?id=901.

Um dos pontos mais polêmicos é a o PL nº 549/09 que visa a limitar o crescimento do gasto com pessoal à inflação mais 2,5% ao ano (ou o crescimento do PIB, o que for menor), o que mal cobre o crescimento vegetativo da folha, e impede a necessária expansão dos serviços públicos no país. O projeto também limita a despesa com obras, instalações e projetos de construção de novas sedes, ampliações ou reformas da administração pública. É válido lembrar que isso acarretaria problemas também para os docentes, mas quem puxou a fila dessa greve são os técnico-administrativos. Entre as reivindicações da pauta salarial estão: apresentação de recursos orçamentários para serem alocados no piso da tabela salarial para 2011 ou 2012 e propostas que contemplem o vencimento básico complementar.

2-      Você citou o fato que ocorre em boa parte das instituições brasileiras. A greve pelo que parece é generalizada, correto?

Hoje (28/06), a greve completou 22 dias, com percentual de adesão de 86%, e 47 universidades federais com as atividades paralisadas. No total de 180 mil trabalhadores, cuja grande maioria decidiu paralisar as atividades, após entender que o orçamento do Governo Federal para 2012 poderia ser aprovado sem destinação de recursos para a carreira. Como já dito antes a greve ainda não tem a adesão total de todos, por exemplo, aqui no CEFET Timóteo, de 23 técnico-administrativos temos no máximo 6 em greve, o que muito me preocupa porque me parece que as pessoas ainda tem medo de manifestarem sua opinião em um momento tão delicado para a nossa categoria. Na UFMG já temos 2000 servidores parados.

3-      Essa paralisação de boa parte dos servidores atrapalharia o funcionamento das instituições de educação no Brasil?

Sim, apesar dos técnicos não terem a ligação direta com a sala de aula, vejam os casos de  Ouro Preto e da UnB, por exemplo, o refeitório e a biblioteca das universidades estão parados.  Os técnicos trabalham em toda a estrutura que dá condições aos professores de darem aula. É claro que acarretará problemas para toda comunidade, docente, discente.  Mas infelizmente no Brasil, só se consegue alguma coisa com greve.  Tem que lutar tem que correr atrás para conseguir.

4-      O anúncio do congelamento dos investimentos ocorreu quando?

A medida provisória não foi aprovada ainda, a PLP nº  549 foi apresentada em 22/12/2009 pelo senador federal Romero Jucá (PMDB-RORAIMA). Atualmente ela encontra-se em análise na CFT (Comissão de Finanças e Tributação). Mesmo que seja rejeitado pela CFT e pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, este o último colegiado que examinará a matéria, o projeto ainda será votado em plenário, pois se trata de projeto de Lei Complementar, cuja última palavra quem dá são os deputados.   

5-      Qual a previsão para o fim da greve?

Nós não temos ainda uma previsão, toda greve termina quando se tenham  atendidas  suas reivindicações.  O  ministro da educação , Fernando Haddad já se dispôs a sentar-se à mesa com os dirigentes do nosso sindicato em Brasília. Serão agendadas reuniões, será discutido com o sindicato e este repassará para a categoria e se ela aprovar suspende-se a greve.  Portanto a greve é por tempo indeterminado, até termos uma proposta satisfatória do governo dentro desse eixo de campanha salarial que nós estamos pedindo.

Eu sou afiliado ao SIDIFES (Sindicato dos Servidores Públicos em Educação) e desse sindicato fazem parte servidores de 3 grandes instituições que temos aqui em Minas, a UFMG, a UFVJM e o CEFET. Desses servidores, existem as reivindicações exclusivas de cada um. A UFVJM tem uma pauta de reivindicações, o CEFET-MG tem outra pauta de reivindicações como a UFMG também tem, mas em todas elas, entre as 3 instituições e todos os técnico-administrativos é comum que a CAMPANHA SALARIAL  EMERGENCIAL,  seja o nosso norte, o nosso maior ponto de referência para essa greve, afinal, ninguém quer ter o salário congelado por 10 anos, sem um reajuste salarial digno. É isso que nós queremos.

Falando no caso de Timóteo, existe pressão da chefia no servidor. Eu sofri essa pressão semana passada, onde o diretor de nossa instituição, professor Rodrigo Gaiba, me procurou, dizendo que a minha greve estava atrapalhando os demais setores. Ora, não existe greve sem tentativas de conscientizar os colegas de trabalho. A greve, para quem não sabe e acho que o diretor também desconhece , significa a paralisação das atividades, tentando mobilizar os setores que ainda não aderiram, para que parem também. É bom deixar claro que o servidor que aderir a GREVE vai sofrer pressão, vai ter retaliação da chefia, mas o importante saber é que a GREVE é LEGAL, é um direito dos servidores.

Por: Amanda Costa e Jônatas Gonçalves